29/01/2014

Episódio perdido: Chaves - Invasão zumbi

Vocês conhecem Roberto Gómez Bolaños, o eterno Chaves? Vocês acham que já assistiram todos os episódios dele?

Bom, o ano era 1976, Roberto estava ficando sem ideias para novos episódios e acabou criando um episódio bastante diferente. Por fim, entregou uma cópia do episódio para que alguns funcionários assistissem e pudessem expressar suas opiniões.

Infelizmente eu era um dos funcionários.

Nos reunimos e iniciamos o episódio que começava assim:

A sequência de abertura era normal. O episódio começava com Chaves entrando no pátio principal equilibrando uma vassoura na mão. De repente surgia a voz do Seu madruga gritando: “CHAVES VENHA AQUI.”

Chaves se esforçava para equilibrar a vassoura enquanto tentava olhar pela janela da casa do Seu Madruga e perguntava “Cadê você?” Nesse momento surge na janela um homem com os lábios desfigurados, olhos saltados e com o nariz pendurado. Claro que a maquiagem não estava perfeita, mais você conseguia perceber que tentaram fazer o melhor, afinal, era apenas um programa de comédia, não uma superprodução de cinema. A cena cortava e pulava para o pátio principal, dessa vez com Chiquinha perguntando para Quico “Onde tá o Chaves?” Quico respondia “Deve estar lá fora.” Então a tela ficava completamente verde e voltava com os dois olhando para cima.

Um disco voador estava descendo e preparando-se para aterrissar bem no meio da vila. Dava para perceber que era o mesmo disco voador que o Quico ganha em um dos episódios, porém, esse era maior.

Chaves entrava correndo na vila enquanto zumbis começavam a sair do disco voador. De repente começava a passar várias cenas em que Quico era atacado pelos zumbis, Chiquinha entrava correndo em casa e um Chaves ensanguentado se contorcia no chão. Depois de alguns cortes e chuviscos na tela, vemos Chiquinha saindo de casa e correndo para o outro pátio da vila.

No outro pátio vários figurantes estão sendo atacados por zumbis. Nhonho também estava entre os figurantes. Logo os zumbis começavam a derruba-lo. Chiquinha corria de volta para casa se escondia embaixo da mesa e começa a chorar. Então vinha o corte para comerciais.

O episódio voltava com Chiquinha soluçando enquanto andava pela vila deserta e gritava os nomes dos personagens. O episodio acabava com Chiquinha encontrando o corpo de Chaves no chão e falando entre soluços “Cha...vi...nho...” e o episódio terminava em silêncio.

Falamos com o Roberto sobre como o episódio ficou ‘terrível’. Roberto disse que era um projeto para o Halloween, e que ele fez apenas para os amigos. Ele também disse que a fita não estava com o episódio completo, tinha apenas algumas cenas que ele queria que víssemos.

Ele pediu a fita de volta e decidiu manter esse episódio guardado e esquecido junto com vários outros episódios secretos e obscuros do seu programa.

Hoje, não consigo assistir um bom episódio de Chaves sem lembrar daquele episódio horrível.

Na TV

Minha amiga Lisa e eu estávamos observando um álbum de família quando encontramos uma antiga foto dela. Nada chamou minha atenção de primeira, mas Lisa ficou com um olhar que me deixou assustado. Seus olhos ficaram arregalados e começaram a esquadrinhar toda a sala como se procurasse por algo, antes se fixarem na TV.

Assustado com essa reação repentina, perguntei para ela o que aconteceu. Depois de algum tempo ela se recompôs e disse que quando era criança costumava conversar com a TV quando estava desligada ou com estática.

Seus pais pensaram que era apenas um caso de imaginação fértil e não se importavam quando ela falava que tinha "alguém na TV". De fato, a própria Lisa não se importou muito com isso até agora.

Eu perguntei qual era o problema. Ela deu uma risada nervosa e ficou encarando a TV.

Foi nesse momento que dei uma segunda olhada na foto e percebi o que estava na tela.

24/01/2014

Rostos na tempestade

Acho que vou ficar louco…

Já faz vinte e oito dias desde dezessete de Dezembro, e a chuva não diminuiu por um único segundo. Continua caindo pesada, descendo do céu como uma cachoeira. Lá fora, você sente como se fosse se afogar andando.

Quando tudo começou, eu não sabia se as pessoas ligavam muito para isso. Quero dizer, esse pesadelo parecia apenas mais uma tempestade de inverno. Tudo começou em um local estranho, no Atlântico Norte, em frente ao Golfo de São Lourenço, mas acho que isso não significava muita coisa para as pessoas que não eram meteorologistas ou oceanógrafos. A tempestade começou a se expandir rapidamente. Não tenho certeza se ainda continua crescendo, já que a TV parou de funcionar três semanas atrás, mas tenho certeza que ela continua no mesmo lugar.

As coisas começaram a ficar mais bizarras quando o vento não conseguiu deslocar a tempestade. Ela continuava crescendo para a Nova Inglaterra, se espalhando pela costa para o Maine e atingindo o Condado de Nassau, que é o local onde vivo. O boletim do tempo mudava em poucos minutos, com os meteorologistas prevendo trovões, ou alguns centímetros de neve, ou uma grande nevasca e que todos deveriam permanecer em casa.

Porém, a minha esposa, Sara, não poderia dar atenção aos avisos. Ela tinha que trabalhar, enquanto eu ficaria em casa cuidando da nossa filhinha de cinco anos, Tanya. Quando a minha mulher saiu de casa naquela manhã, eu a prometi que manteria Tanya em segurança. Enquanto observava Sara manobrando para sair da garagem, eu não imaginava que seria a ultima vez que a estava vendo.

Enquanto o dia passava, a tempestade piorava. Parecia que os meteorologistas estavam certos, prevendo uma das piores tempestades. Fiquei surpreso por ainda ter energia até a noite, disso eu não tinha que reclamar. Você nunca sabe como é ruim um blackout quando se tem uma filha de cinco anos que teme o escuro.

A última vez que vimos a previsão do tempo na TV, eles disseram que a tempestade havia se espalhado para o sul de Nova Jersey, e que poderíamos esperar sessenta centímetros de neve durante a noite. Acho que já eram quase 18:23. Alguns minutos depois o canal da previsão do tempo saiu do ar, e todos os outros canais mudaram para um aviso mandando que todos saíssem de Nova York através de qualquer ponte que pudessem passar e evitassem Manhattan.

Tentei ligar para o trabalho de Sara, mas o telefone não funcionava. Eu ainda não sabia o que estava acontecendo, mas resolvi atender aos avisos na TV e tirar a minha filha da cidade. Lutei contra a ideia de abandonar Sara, que trabalhava em Manhattan, mas quando sai de casa, percebi que não poderia me arriscar indo até lá. Era a vida da minha filha que eu deveria proteger no momento.

Ao sul, no horizonte, as nuvens escuras da noite estavam pintadas com um vermelho em chamas.

O trafego estava horrível. Muitas pessoas estavam relutantes em partir. Todos pareciam estar em choque. Dirigi pelas estradas entre Nassau e Queens, vendo várias pessoas em pé na beira da estrada assistindo as sombras das chamas tremeluzentes contra o céu. Algumas pessoas seguiam lentamente á pé para fora da cidade, e com o passar do tempo, o trafego começou a piorar, mas de alguma forma consegui sair de Nova York antes que ficasse preso por lá.

Ainda me lembro de olhar através do porto no caminho de Queens para o continente, e ver toda a Manhattan em chamas. Acho que nunca esquecerei isso. Tanya olhava pela janela, em silencio, e cansada também. Eu não sei muito bem a que horas foi isso, mas acho que já tinha passado das 23:00.

Dirigi a noite toda pelo campo, tentando achar uma estação de rádio que pudesse me dizer o que estava acontecendo. Não encontrei nada, exceto noticias do mandato de evacuação de Nova York. Eu achava estranho ter visto poucos policiais e nenhum soldado para orientar a população. Agora, pensando naquele momento, acho que já estavam todos em outro lugar, ou mortos.

No dia seguinte as coisas estavam piores. O tempo começou a esquentar, e a neve a virar chuva. Pilhas de neve na beira da estrada estavam derretendo, e o asfalto estava coberto de água e lama. As nuvens continuavam escurecendo enquanto o dia passava, e o trafego começava a ficar agitado, com pessoas vindo do litoral da Nova Inglaterra. A ordem de evacuação do rádio já estava sendo transmitida para todos de Massachusetts a Nova Jersey.

Quando a noite caiu, já estava bem difícil diferenciar a noite do dia. Tanya começou a perguntar pela mãe, então tive que mentir e dizer que Sara estava em um local seguro. Na verdade, eu estava mentindo para mim também. Pensei que ela pudesse estar em alguma estrada, segura em seu carro. Agora não tenho duvidas de que ela já estava morta.

Logo tivemos que sair da estrada e dormir dentro do carro. Havia uns sons estranhos na noite escura ao nosso redor, e a minha filha continuava acordada, com medo que o monstro que ela acreditava estar vivendo embaixo da cama dela em Nassau estivesse ali conosco, vivendo embaixo do carro. Eu disse para ela que era apenas imaginação, mas não pude deixar de perceber algo arranhando embaixo do carro, ou um baixo grunhido vindo de algum lugar na noite escura.

Pela manhã, tudo parecia normal outra vez. Isto é, até cairmos na estrada novamente. Eu queria acreditar que os sons que ouvi na noite passada, e a sensação sempre presente de algo no escuro fossem apenas coisa da minha mente, mas o que vi pelas bordas da estrada varreu essa agradável ideia da minha cabeça. Por todos os lugares havia carros ainda parados na beira da estrada, com as janelas quebradas, e as portas arrancadas. Na frente de alguns carros, marcas de algo que foi arrastado na neve para a distância.

Nada me faria sair do carro naquela noite. Ao invés disso, escolhi encontrar uma casa vazia e... arromba-la. Para ser sincero, bati na porta, ela estalou e abriu sozinha. Não havia ninguém dentro, então decidi que passaríamos a noite ali. Consegui deixar a porta bem fechada e firme, e parecia que estávamos em segurança.

Ficamos na casa desde então.

No inicio ficamos no andar de cima da casa, porém, como o dia e a noite se juntaram em uma grande massa escura, decidimos que o porão seria mais seguro. Poucos minutos depois de descermos para o porão, ouvi algo destruindo a porta da frente, tropeçando na mesa e derrubando a televisão.

O tempo passava lentamente. A temperatura continuava esquentando, até parecer que estávamos em pleno verão. Então chegou uma noite em que (acho até impossível de acreditar) parecia que estávamos dentro de um grande forno.

Eu estava quase derretendo. Um pouco de água começou a passar pela janelinha do porão e nós tivemos que nos afastar para não nos queimarmos na água fervendo.

Essa foi a noite em que vi algo que desejava não ter visto.

Minha filha foi dormir cedo. Ela estava cansada, e acho que um pouco doente. Deixei-a dormindo sozinha por um tempo para que eu pudesse dar uma olhada lá fora por alguma das janelas em que não estivesse passando água.

De primeira não vi nada, apenas a escuridão da tempestade. Então, percebi algo lá fora. Umas manchas verdes luminosas, vindas de alguma coisa que eu não conseguia enxergar. Fiquei observando por um tempo enquanto as luzes saltavam pela escuridão.

Logo vieram os clarões dos relâmpagos, e pude finalmente enxergar de onde vinham as luzes verdes.

Era algo grande, algo que eu nunca poderia imaginar. Grande como uma montanha. Ainda estava muito longe, mas eu conseguia perceber claramente que não era algo normal, mesmo na versão distorcida da realidade alternativa que veio junto com a tempestade. Eu podia sentir o calor vindo da coisa, e passando pela janela. Da direção de onde a coisa vinha eu podia ver as chamas devorando a floresta ao sul de Nova York, jogando uma trilha de fumaça negra para o céu escuro.

Os relâmpagos pararam, mas as luzes verdes continuaram. Fiquei observando por mais alguns minutos antes de voltar para Tanya, com aquelas imagens que ficariam cravadas em minha mente para sempre.

No dia seguinte o tempo tinha voltado a esfriar. Os dias foram passando e a temperatura caindo ainda mais, assim como o nosso estoque de comida.

Os donos da casa tinham uma reserva de comida para algumas semanas no porão. Aparentemente, eram fazendeiros que costumavam manter a velha tradição de armazenar o que produziam.

A comida durou mais do que pensávamos, mas agora não temos nada. Acho que teremos de sair daqui. Se o carro funcionar, vamos seguir. Se não funcionar… vamos bolar alguma coisa.

Tem água por todo lugar, e já está quase na altura dos joelhos na terra plana. A terra já saturou e não consegue drenar a água. Não sei o que vai acontecer se continuar chovendo; acho que essa parte de Nova York vai se juntar ao Oceano.

Estou começando a achar que talvez possamos encontrar segurança em algum lugar. Tem que haver algum lugar que a tempestade não atingiu. Estou deixando essas anotações aqui, caso alguém acabe encontrando. Eu só quero deixar alguma lembrança minha, de Tanya, e Sara nesse mundo. Não quero que sejamos apenas mais três rostos na tempestade.



-C.S.B.-


23/01/2014

Uma oportunidade única na vida

Todos sabemos o que é uma supernova, certo?

Uma estrela que de repente aumente consideravelmente seu brilho devido a uma explosão catastrófica que expande sua massa.

Bem, e se em uma fração mínima de tempo essa explosão abrisse um buraco em nosso universo, formando um canal de comunicação entre a sabe-se-lá-qual-dimensão e a nossa?

Dizem que toda vez que uma supernova explode, uma pequena passagem é formada entre nosso universo e as profundezas do inferno.

E se nesse pequeno espaço de tempo em que a abertura existe alguém conseguisse passar por ela e ganhar um bilhete só de ida para o desconhecido?

Apenas as criaturas do outro lado saberiam o que aconteceria com essa pessoa tão curiosa. Mas sabe como dizem: a curiosidade matou o gato.

Existe uma pequena chance dessa pessoa conseguir sair da dimensão desconhecida, sendo duas vezes mais sortuda do que ao conseguir entrar.

E se uma pessoa do nosso universo consegue entrar lá, uma criatura desse outro universo conseguiria entrar no nosso também. Se isso acontecer, provavelmente nosso destino estaria selado nesse momento. Quem sabe?

Essa teoria é muito, muito, muito improvável, entretanto, não é impossível. É como dizem: uma oportunidade única na vida.

19/01/2014

Eco

Esse é o último trecho do diário de Ethan Baker, um explorador de cavernas. Ethan é, desde então, oficialmente considerado desaparecido. Seu diário foi encontrado nas redondezas de Da Nang, Vietnam, alguns dias depois do último trecho ser escrito.

12 de novembro, 2009 - Da Nang, Vietnam

O Vietnam é famoso por suas mais variadas cavernas que possuem semelhanças com catedrais.Foi aqui onde encontrei uma caverna remota perto da cidade de Da Nang. No momento em que escrevo isso, estou escondido e pra ser sincero, acho que não tenho muito tempo de vida. A polícia não pode - nem quer - me proteger e minha família acha que estou louco, porém foi nessa caverna, há algumas semanas, que um passeio turístico tornou-se o pior dia da minha vida.

Enquanto adentrava a caverna, encontrei uma parte bem interessante lá no fundo. Os moradores da região dizem que foi ali que muitos vietcongs se refugiaram, porém as pessoas ficavam presas por meses e quando acabava a comida precisavam apelar ao canibalismo. Isso, obviamente, é um mito - eu pensei. Decidi gritar algumas coisas, porque o eco era fantástico!

Lembro de ter gritado três coisas:

"Olá".

Ouvi a resposta alguns segundos depois.

"Tem alguém aí?" como esperado, a resposta veio na minha voz.

Foi então que achei que seria engraçado se eu gritasse "Eu vou matar você" - afinal, eu ouviria a minha própria voz. Mas a resposta, posso dizer com toda a certeza, veio em uma voz bastante parecida com a minha, mas soava parecido com isso:

 "Không, nếu TAO giết MÀY đầu tiên"

Meu eco não veio e isso foi a única coisa que ouvi como resposta, mas soava exatamente como um eco. Decidi repetir o que havia dito:

"Eu vou matar você", "Không, nếu TAO giết MÀY đầu tiên" foi a resposta, dessa vez parecia ter vindo mais rápido, mas eu tinha certeza que era no timbre da minha própria voz. Tentei uma última vez:

"Eu vou matar você"

"Không, nếu TAO giết MÀY đầu tiên!"

Eu não gritei com qualquer raiva, mas a resposta parecia num tom completamente furioso, e eu me senti assustado. Obivamente, como eu ouvi essa resposta diversas vezes, memorizei seu som. Quando saí da caverna, perguntei ao meu guia o que aquilo significava. Ele pareceu assustado, perguntando se eu havia encontrado alguém na caverna. Eu disse que não, já que não achei que significava algo. E então... ele traduziu aquela resposta para mim.

"Eu vou matar você"

"Không, nếu TAO giết MÀY đầu tiên - Não se eu matar você primeiro"

17/01/2014

Orwin

Orwin é uma pequena cidade localizada ao sul da Carolina do Norte próxima a divisa com a Virginia. A população de Orwin é de exatamente 2,037, com outras duzentas pessoas que vivem na área rural. Próximo a Orwin, a cidade de Roan Valley é muito maior, com a população de quase dez mil, sem contar com os estudantes da Universidade Regional.

Muitas pessoas nunca ouviram sobre a pequena Orwin, e aqueles que ouviram geralmente não imaginam que aquele seria o lugar onde ocorreram os eventos de 14 de março de 2008. Orwin é o tipo de lugar onde as crianças da fazenda andam por ai dirigindo caminhonetes, vovós ainda fazem tortas de maça, e as maiores noticiais são sobre o time de football local. Porém, isso ainda não muda a realidade terrível do que aconteceu lá, mesmo que as feridas estejam se cicatrizando e a vida esteja lentamente retornando ao normal, não há tempo que limpe todo o sangue do campo próximo a fazenda Olberson.

A história sobre o que aconteceu em Orwin é tão complicada quanto terrível, mas de acordo com algumas fontes, as primeiras notícias sobre algo estranho ocorrendo na pequena e tranquila cidade vieram do Departamento de Policia de Orwin, as 19:34. Duas jovens estavam dirigindo em uma zona rural, ligaram para a policia dizendo que viram algo estranho na floresta atrás de uma área gramada. Quando pediram que descrevessem o que viram, elas disseram que era “algo grande”, mais obscurecido pelos galhos. A policia resolveu não enviar ninguém, achando que era algo que não valeria a pena se preocupar.

As próximas ligações vieram ainda antes do sol se pôr, as 19:53 e 19:55. Elas vieram de um fazendeiro, que ainda estava alimentando o gado, e de um jovem que estava saindo da floresta após uma caminhada. Este último descreveu o que viu como um “grande animal se movendo entre as árvores”. Assim como as jovens, ele não deu uma descrição detalhada do animal, mais acreditava que era algo muito perigoso, e ficou muito assustado com o que tinha visto. Mais tarde, em uma entrevista, ele falou que saiu correndo da floresta, com medo que o animal o estivesse seguindo, ou que pudesse haver outros por lá. O fazendeiro descreveu algo parecido. Disse que viu algo na floresta que ficava atrás de sua fazenda. Os animais ficaram assustados, principalmente as cabras, que não dormiram a noite toda.

Mais avistamentos continuaram antes da noite cair completamente, com uma crescente frequência, até que as chamadas chegavam ao departamento de policia a cada quinze minutos. Algumas vinham de pessoas que estavam completamente aterrorizadas com o que tinham visto; uma mulher, sozinha em casa, disse que ouviu um barulho na parede da cozinha, e viu algo que parecia couro preto passando pelo lado de fora da pequena janela acima da pia. Ela continuou na linha com a policia até que seu marido voltasse do trabalho, então seguiu com ele para passar a noite em um hotel, muito assustada para continuar em sua própria casa.

Depois das 20:00, a noite já havia caído completamente, e as coisas começaram a tomar um rumo preocupante. A coisa que estava na floresta parecia ficar mais ativa durante a noite, e também surgiu outro problema. Um problema mais humano.

Ás 20:36, alguns estudantes dirigiam por uma estrada escura entre Roan Valley e Orwin, quando viram algo que os deixaram completamente pasmos. Um grupo com quase oito homens, cobertos por mantos pretos, atravessavam a estrada forçando os estudantes a pararem. Um dos homens, de acordo com os estudantes, parou para olhar o carro antes de prosseguir. Um dos estudantes conseguiu dar uma boa olhada no homem, o suficiente para identifica-lo mais tarde como sendo Gregory Santiago, um banqueiro e membro respeitado da comunidade.

Além dos homens de manto preto, os estudantes reportaram algo mais atravessando a estrada, supostamente o mesmo animal que as outras pessoas da cidade já tinham visto. Eles descreveram o ser como “enorme igual a um mamute”, com seis patas, e pela negra. Eles o descreveram assim, embora não tenham visto muito além de suas grandes patas, eles acreditavam que o animal teria uns 12 metros de altura, com espinhos ou possivelmente tentáculos saindo das costas e apontados para o céu. Eles não descreveram olhos, mas disseram que a coisa tinha ‘rostos’ cobrindo os lados do corpo. Cinco ao todo, um deles tinha uma grande boca aberta em um grito permanente.

Os estudantes dirigiram para a cidade, e chegaram as 20:53, depois que outras duas pessoas já tinham reportado avistamentos de animais similares nos campos ao redor de Orwin. Nenhum dos relatórios vindos até aquele momento foram mais detalhados que o dos estudantes, no entanto, nenhum deles seriam tão estranhos ou terríveis quanto os que viriam posteriormente.

Eram 23:47 quando as ocorrências em Orwin deixaram de ser simples coisas estranhas, e se tornaram coisas piores. A alguns quilômetros fora de Orwin, Janet e Neal Olberson, junto com a pequena filha de seis anos Natasha, experimentaram um pesadelo que nenhum de nós poderia imaginar. Um grupo de invasores arrombaram a casa, destruíram a janela da sala de estar e mataram Neal Olberson com um tiro. Esses assassinos invasores mais tarde foram descobertos como sendo os mesmos oito homens que os estudantes viram atravessando a estrada, e também seriam membros de um culto, chamado ‘Sacred Arm of Cal U’hunlat’.

Depois de matarem Neal Olberson, os três cultistas que invadiram a casa, mais tarde identificados como Nathan Henson, Daniel Walker, e seu irmão, Norm Walker, sequestraram Janet e Natasha Olberson, levando-as para a floresta. Lá, as duas foram amarradas em uma pedra e cercadas pelos oito homens. Os oito cultistas formaram um circulo ao redor delas e começaram a cantar para as estrelas, pedindo que sua deusa aceitasse o sacrifício.

O que aconteceu em seguida gera muitas dúvidas e controvérsias. Há os que acreditem na confissão de Natasha Olberson, que depois de passar por duas semanas de psicoterapia intensiva, disse que uma coisa saiu da floresta e levou sua mãe. A descrição dessa coisa é diferente da descrição dos monstros vistos por outras pessoas da cidade; esse era bem maior e, de acordo com Natasha, parecia muito com um polvo. Ela diz ter visto a cabeça da criatura, que se estendia muito além das grandes árvores. Bocas, olhos, e tentáculos cobriam todo o corpo. Natasha disse para os investigadores que conseguiu fugir depois que o monstro pegou sua mãe, mas acreditava que o monstro a tinha matado. Os investigadores mais tarde afirmaram que, embora não pudessem aceitar o testemunho de uma criança que poderia estar sofrendo de um sério trauma psicológico, o básico do testemunho coincidia com o evento. Neal e Janet fora realmente mortos pelos oito homens que faziam parte de um culto.

Antes que os oito homens pudessem ser localizados e levados a julgamento, alguns desapareceram, e outros cometeram um ritual suicida. A policia acredita que dois teriam fugido para o México após o incidente, e o paradeiro de outros três é desconhecido. Os três homens que invadiram a casa dos Olberson estão mortos. Em suas casa, relíquias relacionadas ao culto do Cal U’hunlat foram encontradas, ligando o obscuro e quase desconhecido grupo ao terrível crime.

Natasha Olberson atualmente está sob o programa de proteção a testemunha em um orfanato cuja localização é desconhecida. Apesar das várias testemunhas e relatos daquele dia, não há grandes evidência de que algo extraordinariamente fora do comum ocorreu em Orwin. O tempo vai passar, mas os túmulos de Janet e Neal Olberson permanecerão no cemitério sob dois solitários marcadores de mármore, testamentos para um pesadelo que alguns não poderiam imaginar, enquanto outros jamais vão esquecer.

-C.S.B.-

12/01/2014

Lua vermelha

18 de Julho de 2020. A NASA lançou uma nova nave. Seis astronautas embarcaram na Goliath I com o objetivo de preparar a primeira colônia humana na lua. Toda a preparação deveria levar um ano, mas a nave carregava suprimentos para mais seis meses em caso de emergência. A comunicação por rádio seria possível apenas no lado da lua que estivesse virado para a terra. Os astronautas foram ordenados que ficassem nessa área para manterem o contato.

Os astronautas desembarcaram na fronteira oriental do Mare Serenitatis. Essa área era coberta por basalto e tinha algumas crateras, tornando a área perfeita para colonização. O objetivo dos astronautas era simples; mapear a área para colonização e projetar construções. Relatórios deveriam ser enviados diariamente para a NASA, acompanhados por qualquer foto ou vídeo interessante.

As primeiras semanas de relatórios foram bastante normais. Os astronautas progrediam como planejado e no tempo certo. Não perderam tempo para preparar toda a área. Tudo de uma cidade normal estaria na cidade do futuro; um supermercado, uma escola, um hospital, dentre outras coisas. É claro que todos os principais materiais para construção seriam enviados por outras naves. A missão desses astronautas não era construir. Então, no dia 17 de setembro daquele mesmo ano, o relatório diário não foi enviado. Especulava-se que os astronautas teriam esquecido, mas o relatório também não foi enviado no dia seguinte. A comunicação por rádio também não funcionava, a NASA só recebia estática. A torre de rádio parecia estar funcionando perfeitamente. Mas parecia que os astronautas não estavam ao alcance. Vários vídeos foram recuperados do local por uma equipe de resgate. Abaixo está uma descrição de cada vídeo.


Os astronautas deveriam intitular os vídeos por datas. O primeiro vídeo era “SEPT 16 2020”. Durava quase 10 minutos e a maior parte mostrava os astronautas examinando pequenas crateras. Quase no fim do vídeo, um astronauta começa a gesticular assustado, apontando para dentro de uma cratera, mas nesse momento o responsável pela gravação desliga a câmera. O relatório enviado para a NASA no dia 16 de setembro não mencionava esse ocorrido.

O Segundo video era “SEPT 17 2020”. Esse vídeo também era centrado nas crateras, especificamente na cratera Bessel. Essa é uma grande cratera, com quase 14 km de diâmetro e 1.6 km de profundidade. O plano era construir uma grande ponte atravessando a cratera. Esse vídeo tinha quase a mesma duração do vídeo anterior. Os astronautas faziam notas sobre a cratera quando de repente uma força não captada pela câmera puxa um dos astronautas para dentro da cratera. Nesse momento todos ficam agitados e começam a correr. A câmera continuava ligada e tremendo muito. Após alguns segundos de correria, a câmera parece cair e a gravação termina abruptamente.


O terceiro vídeo estava intitulado como “CODE 7700 PLEASE HELP.” A data era desconhecida, mas poderia presumir-se que era do dia seguinte. O vídeo começa com um astronauta em uma tenda de oxigênio falado com a câmera. Ele explica calmamente que não conseguia contato através do rádio. Ele também explica como dois astronautas foram “horrivelmente trucidados”. Nesse ponto, seus olhos se enchem de lágrimas, mas ele continua falando calmamente. De repente algo parece entrar na tenda. A câmera é derrubada e arremessada para longe do homem, então não podemos ver o que está acontecendo. Vemos apenas o sangue espirando na parede da tenda. Toda a tenda parece tremer. Sangue espirra na parede pela segunda vez e também podemos ver os órgãos do homem sendo jogados pela tenda.

Coincidentemente, na noite de 18 de setembro foi quando ocorreu o raro eclipse que deixou a lua vermelha. Os corpos dos astronautas da Goliath I não foram recuperados. A colonização foi adiada. Os membros da equipe enviada para investigar as falhas de comunicação recusaram falar em público. Dos quatro membros, dois cometeram suicídio após retornarem para a terra. Junto com os três vídeos recuperados também havia uma foto. Ainda não há uma explicação para o conteúdo na fotografia.

06/01/2014

Cão encontrado!

“Que droga Max!” resmunguei enquanto dava a décima volta pela vizinhança. Minha namorada não estava muito longe, tentando a todo custo chamar pelo cão estúpido.

“Acho que ele não vai voltar dessa vez,” falei com ela, embora não soubesse se ela estava me ignorando ou se estava apenas ocupada sacudindo um arbusto ali perto. Como se a droga do cão estivesse tirando um cochilo no meio de um maldito arbusto.

O cão foi um presente dos pais dela, que não gostavam de mim e sabiam que eu não gostava de cães. Acho que eles pensaram que isso nos separaria, mas eu consegui tolerar aquele animal fedorento só para irrita-los.

Enquanto eu passava pelos postes, colava em cada um o aviso de “Cão desaparecido”. Eu queria arranca-los dali e parar com toda a palhaçada.

“Ei, amor,” minha namorada gritou para mim. “Pode ir à lanchonete da outra rua e me trazer um chocolate quente? Está tão frio, e eu não quero congelar aqui fora. Obrigada!”

Que beleza, então você poderia desistir de procurar e voltar para casa já que não quer congelar, Pensei.

“Claro,” respondi com um tom de sarcasmo, olhando sobre o ombro para vê-la espiando por trás de uma caixa. Eu amo essa mulher, mas, droga! Ela é bem estúpida as vezes.

Enquanto dobrava a esquina, quase próximo à lanchonete, um folheto chamou minha atenção.

O folheto exibia claramente: “CÃO ENCONTRADO”, e a foto de um cão que parecia com o nosso. Cheguei mais perto para ler, pensando em marcar uma consulta urgente com um oftalmologista.

“Labrador macho encontrado na Terça-feira, 14 de maio, às 5:20 pm, na esquina da Liberty e Franklin. O cão aparenta quase um ano. Preto com uma mancha em forma de coração no queixo. Uma cicatriz na pata traseira esquerda. Colar marrom sem identificação.” 

Maravilha! Pensei. Alguém encontrou essa peste. Havia algo escrito em letras bem miúdas no fim do texto, mas pensei que era apenas o endereço da pessoa. Cheio de alívio – não pelo cão encontrado, e sim pela busca ter terminado – chamei minha namorada.

“O que foi?” ela perguntou, encostando a cabeça em meu ombro. “Oh!” ela finalmente percebeu o folheto no poste a sua frente. “Olha! É o Max!” ela falou, lendo o aviso em voz alta, para confirmar se o cão na imagem era realmente o nosso.

“Meu Deus!” ela gritou e tropeçou para trás começando a chorar de repente.

“O que tem de errado?” perguntei. “Já encontraram ele.”

Ela não respondeu, apenas apontou lentamente para o aviso.

“Não entendi,” falei, voltando para o aviso e lendo outra vez, achando que tinha deixado passar algo.

Não encontrei nada de estranho, até que cheguei ao fim do texto e apertei bem os olhos para enxergar as letrinhas no final.

“Tinha gosto de frango”

05/01/2014

Cosmonautas perdidos

Quantos cosmonautas REALMENTE morreram no espaço? Especialmente os da União Soviética? Muitos crêem que o governo soviético acobertou a morte de dúzias de cosmonautas perdidos no vazio do espaço para que fosse possível manter uma postura de superioridade em relação aos EUA.

Imagine... Você está em uma cápsula. MUITO acima da Terra, pronto para reentrar a atmosfera. Paradas, festas e mulheres lhe aguardam. Quando as chamas começam a lamber a janela, você percebe que algo está errado... Muito errado. Você sente calor. Mais do que o normal, e o calor simplesmente não passa. O controle da missão fala com você por alguns momentos, e então... nada. O rádio parou de funcionar? Não. Eles sabem que você vai morrer. Suando, você vê que objetos na cápsula estão superaquecidos. Então, uma lágrima. Seu último pensamento é "Eu vou morrer, e ninguém jamais saberá o que aconteceu. Isso tudo foi em vão". Você começa a queimar, e então...
Boom.

Ou então pense nisso: algo deu errado, e você não consegue fazer com que a cápsula volte para a Terra. Um meteoro lhe atingiu e lhe tirou da rota? Ou talvez o impulso da partida foi tão forte que você foi lançado bem ao fundo do espaço? Tanto faz. Conforme você perde contato com a Terra, você percebe que só lhe restam duas opções: esperar até o oxigênio acabar ou abrir a cápsula e se lançar no vácuo. Você não vai conseguir gritar, pois o som não se propaga ali, e você vai morrer. Sozinho.

Milhões de quilômetros distante de casa.